A razão do saber fazer – porque os Técnicos são fundamentais na prestação de cuidados de saúde atual

Hoje partilho uma breve reflexão sobre tecnologia, que constitui o cerne das profissões da tecnologia da saúde.

O significado das palavras Técnico e Tecnologia são os seguintes:

Técnico: Adjetivo – que pertence ou é relativo exclusivamente a uma arte, a uma ciência a uma profissão. Nome masculino – Pessoa que conhece a fundo uma arte, uma ciência, uma profissão. = ESPECIALISTA, PERITO

Tecnologia: 1. Ciência que estuda os métodos e a evolução num âmbito industrial; 2. Um procedimento ou grupo de métodos que se organiza num domínio específico, como tecnologia da saúde; 3. Teoria ou análise organizada das técnicas, procedimentos, métodos, regras, âmbitos ou campos da ação humana.

Na busca da definição do conceito tecnologia não podemos deixar de nos referir à excelente revisão publicada sobre este conceito por Veraszto et al (2008). Segundo ele a tecnologia acompanha a história do Homem, iniciando com a utilização de objetos que foram transformados em instrumentos. Tecnologia surge da junção do termo tecno (grego techné: saber fazer) e logia (grego logus: razão). Assim tecnologia significa a razão do saber fazer, ou o estudo da técnica.

E em medicina, quando começou a tecnologia a fazer a diferença?

A primeira grande mudança tecnológica em medicina foi a invenção do microscópio (século XVII) por Leeuwenhoek, que permitiu posteriormente a descoberta da célula por Hooke e a patologia celular por Virchow (século XIX). Este foi um salto de gigante na medicina, permitindo perceber as bases da doença, mudando paradigmas no diagnóstico e tratamento.

Nós, Técnicos da área de anatomia patológica, somos herdeiros destes conhecimentos revolucionários, atores principais neste novo capítulo da história da medicina. Dominamos conhecimentos de microscopia e as técnicas laboratoriais de preparo das amostras. E numa medicina cada vez mais dependente da tecnologia, desenvolvemos e aplicamos novas tecnologias, como na área da biologia molecular e a patologia digital.

É da nossa responsabilidade desenvolver competências que vão de encontro às necessidades cada vez mais exigentes da medicina personalizada, também ela cada vez mais depende da tecnologia. Basta lembrar no contexto do diagnóstico anatomopatológico a evolução da classificação e caracterização as neoplasias. Se até há poucos anos era suficiente a classificação das neoplasias apenas com base na avaliação morfológica, tal é manifestamente insuficiente nos tempos atuais, sendo as neoplasias caracterizadas por técnicas de imunocitoquímica e moleculares. Assim, e em contexto laboratorial, temos que nos preparar para estes desafios, e continuar fazendo a diferença, através da especialização e atualização de conhecimentos.

Para tal não basta dominar a prática, o Técnico deve dominar a razão (o universo teórico e científico) que suporta a tecnologia que ele utiliza, bem como tomar decisões para implementar e selecionar a técnica adequada, e é esta a diferença entre preparadores, que se limitam a executar protocolos, e Técnicos, que compreendem a técnica.

Rúben Roque