Controlo da qualidade

Se o planejamento é o primeiro passo da gestão da qualidade, o controlo da qualidade será a segunda etapa. Depois de planear e de definir requisitos você tem de verificar se cumpre com as metas definidas, e aí entra o controlo.

Na linguagem corrente “controlo” está associado à ideia de vigilância, inspeção, exame… E no âmbito da qualidade não é diferente. Segundo a norma ISO 9000, o controlo da qualidade é “a parte da gestão da qualidade orientada para a satisfação dos requisitos da qualidade”.1

Intrínseco ao conceito de Qualidade está a redução da variabilidade, nós temos de averiguar se o nosso produto ou serviço está conforme os requisitos. Esses requisitos podem ser definidos pelo próprio Laboratório, por uma norma, ou serem impostos pela legislação.  

No controlo da qualidade podemos analisar todos os nossos produtos ou analisar por amostragem. Imagina, se é possível testar todos os celulares antes de os colocar para venda, o mesmo não acontece com uma pastelaria, não é possível testar todo os bolos produzidos por razões óbvias.

No laboratório temos também dois exemplos que ilustram o uso ou não de amostragem:

  1. Controlo da qualidade do screening do citotécnico – quando 10% dos casos negativos são revistos em buscas de alterações celulares não detetadas. Este é um bom exemplo do controlo de qualidade por amostragem , neste caso selecionamos uma parte do nossos resultados para controlar
  2. Porém em anatomia patológica é habitual existir controlo de qualidade de todo o produto produzido, dado que todas as lâminas são observadas ao microscópio. A visualização da lâmina pelo técnico ou patologista, para além de permitir o diagnóstico, também avalia se a técnica cumpre os requisitos (coloração adequada, corte histológico sem estria, fragmento amostrado na totalidade, correta inclusão…). 

Em ambos os exemplos o objetivo do processo é identificar o produto não conforme (i.e. que não cumpre os requisitos). Com base na taxa de produtos não conformes (e.g. lâminas mal coradas) podemos calcular e monitorizar a taxa de produtos com defeito. Se essa taxa for elevada podemos planejar uma ação de melhoria, com vista à sua redução (cá está, o Planejamento como ponto de partida para a ação). Monitorizando estes dados podemos ver se a nossa ação corretiva foi eficaz ou não, i.e. se a percentagem de lâminas mal coradas diminuíram.

A temática do produto não conforme é muito importante. Produto não conforme significa pouca eficácia e eficiência, e isso tem um custo, quer em material, quer em recursos humanos. Se diminuirmos os nossos erros vamos poupar dinheiro e otimizar nossos recursos humanos.

Rita D’Angelo2 publicou um estudo sobre os erros num laboratório de histologia e aferiu que o tempo de recursos humanos necessários para refazer tarefas que foram mal realizadas (i.e. corrigir erros) é de 1,3 colaboradores, ou seja se você diminuir imperfeições do sistema, aumentando eficiência consegue liberar mais um funcionário para outras tarefas. Agora pense também na economia obtida, por isso é que qualidade não é um custo, mas sim um investimento.

Vantagens do sistema de controlo de qualidade:

  • Assegura a melhoria dos produtos e serviços, com base em objetivos/padrões;
  • O sistema é continuamente monitorizado e alterado para corresponder às expetativas dos clientes, pelo que a organização mantém, a competitividade;
  • Reduz custos a longo prazo -> redução de produtos não conformes -> aumenta eficiência da organização -> redução de custos -> possibilidade de redução de preços/ investimento em desenvolvimento -> maior competitividade;
  • Aumenta a produtividade, pelo que diminui tempos de resposta às solicitações.

O tema do controlo da qualidade é muito vasto, este foi o primeiro post, outros se seguirão para aprofundar o tema. Trata-se de um mundo a descobrir que fará toda a diferença no seu Laboratório. Fique atento a mais posts!

Abaixo fica o link para download de uma planilha de controlo de qualidade em excel. Dê feedback nos comentários sobre utilidade do post e planilha.

Sedimenta.

Bibliografia

1.          Instituto Português da Qualidade. Sistema de gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário (ISO 9000:2005). 2005.

2.          D’Angelo R, Zarbo RJ. The Henry Ford Production System: measures of process defects and waste in surgical pathology as a basis for quality improvement initiatives. Am J Clin Pathol. 2007;128(3):423-429. doi:10.1309/X6N1Y3V2CB9HUL8G

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